quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

O paraíso das cachoeiras (2º dia) - Carrancas, 09/fev/2011

Cachoeira da Fumaça, cartão postal de Carrancas

Após a conturbadíssima noite de sono no camping, acordamos para o incrível segundo dia. Digo "conturbadíssima" porque, por volta das 5 horas da madrugada a temperatura caiu e ventou muito frio por lá. Sobrevivemos, porém, e acordamos com muita energia para tocar a aventura rumo ao Complexo da Fumaça.


Para alcançar a cachoeira da fumaça, ingressa-se em uma estrada de terra virando a direita e depois a primeira a esquerda na igreja matriz de Carrancas. São 6 km. Em um ponto, marcado por uma plantação de eucaliptos, a estrada se diverge junto a uma placa que indica a direção da Cachoeira da Fumaça para a direita. Para seguir rumo à Cachoeira das Esmeraldas deve-se manter-se à esquerda, seguindo por mais 2 km.

Há discussões quanto à pureza da água da Cachoeira da Fumaça, sendo de comum acordo que o esgoto da cidade de quase 3.000 habitantes é despejado no rio alguns quilômetros acima. Porém, a água não aparenta ser poluida, e tem um aspecto bom. As pessoas da cidade afirmam que, apesar de tudo, muitas pessoas nadam lá, e nada de extraordinário veio a acontecer até hoje. Dois dos três pintassilgos nadaram.

A cachoeira é de uma grandeza impressionante e faz jus ao seu nome, soltando "fumaça" pra todo lado, devido à sua queda violenta. Essa cachoeira é considerada o cartão postal da cidade.

É nóize na cachu! haha

Nosso próximo desejado destino era o Poço das Esmeraldas, cuja beleza máxima surge por volta das 10 horas da manhã quando o sol alcança o poço por completo. Rodamos por ali à procura da trilha, sem sucesso, e já começavamos a ficar afoitos quando surgiram dois cavaleiros, calvagando em seus cavalos com muita pressa. Se não fosse um maníaco e forte grito a chamá-los, não parariam jamais. O que estavam eles fazendo ali? Não temos a mínima idéia. Sorte nossa que eles conheciam a região. E foi um deles que nos disse para retomar a estrada de terra com o carro e seguir pela esquerda chegando aos eucaliptos.

Após percorrer alguns quilômetros nesta nova estrada há a placa indicando a entrada para Esmeraldas. No local de parar o carro há um bar, surpreendentemente funcionando e aberto! E assim subimos o rio, ora pelas pedras, ora por matinha...

Caminho até o Poço das Esmeraldas

Mas algo inesperado aconteceu: perdemos o Bertozzi. O Lucas tentou uma trilha pela direita do rio, mas errou, não chegando a lugar algum. Bertozzi, então, achou a verdadeira trilha pela esquerda do rio, e enquanto o Lucas voltava e eu esperava, ele foi na frente. Sem saber como, nós dois chegamos no poço das Esmeraldas e nada do Tozzi. Voltamos a trilha e com alguns váis e véns o encontramos. Foi curioso como em questões de segundos o Tozzi entrou em local fechado junto ao rio e nós passamos reto sem vê-lo, e sem saber que já haviamos passado ali, o Tozzi ficou a nos esperar.

Finalmente, sãos e salvos, chegamos! O poço é lindo e esculpido nas pedras, a água da mais pura e límpida beleza, de um verde esmeralda magnífico, a mata é verde e parece abraçar a cachoeira, e sente-se um aroma das plantas no ar. Infinitas vezes encantador.



Poço das Esmeraldas visto de cima:


Tentamos escalar o vale em busca de outra preciosa cachoeira no leito do mesmo rio. Não encontramos nenhuma queda significativa, mas a caminhada foi boa. Em quase toda sua extensão o rio corre limpo nas pedras encascatando-se e formando vários poços. Na volta, escolhemos um para nos refrescar.


Retornamos ao Complexo da Fumaça para desbravar a enorme Cachoeira Véu de Noiva. Por culpa da chuva forte de Janeiro, a prancha, que auxiliava a cruzar o rio da queda da Fumaça e seguir a trilha, foi levada rio abaixo. Cruzamos então pelo cume da Cachoeira Fundo da Fumaça, logo abaixo da Fumaça. Atravessamos nos equilibrando nas pedras escorregadias, em lento avanço.

Cachoeira Fundo da Fumaça

Para vencer a trilha é preciso escalar, não precisa ser profissional, mas é necessário cuidado. Já era visível a Cachoeira Véu de Noiva, mas a adrenalina da escalada nos levou em frente. É bem alto. A vista retribui cada gota de suor!


Cruzamos, depois, um muro de pedra em conjunto com arame farpado e alcançamos o que pensávamos ser a Cachoeira da Serrinha, mas vendo as fotos da mesma na internet, passamos a acreditar ser outra cachoeira. É pequena e divertida. O acesso até ela é, com certeza, o mais legal. Depois dela, o rio sobe calmo até a nascente.

Cachoeira da Serrinha ??

E então finalmente, a grandiosa Cachoeira Véu de Noiva. Uma verdadeira escada de titãs, já que as pedras são lisas e escalonadas, mas subir ali é improvável, por ser escorregadio e cada degrau mais alto que o anterior. Infelizmente foi neste momento que a gente fina da bateria da câmera digital resolveu acabar e ficamos sem a foto do maravilhoso poço. Excelente para nadar.

Cachoeira Véu de Noiva

Voltamos para o camping e batemos um papo com o Osvaldo, enquanto discretamente carregamos a bateria da câmera o máximo que foi possível nas tomadas de lá. Osvaldo deu-nos a sugestão de ir direto para a Cachoeira do Moinho, que é muito perto do camping, e a trilha já conhecida, uma vez que é a mesma que nos levou à do Salomão.

A Cachoeira do Moinho é ótima. Bela, tem uma queda direta e bem forte, o poço tem uma região rasa e uma funda, onde é boa para mergulhar.

Cachoeira do Moinho

No fim da tarde, nossas últimas energias foram depositadas no caminho que levava ao Poço do Coração. O acesso é feito a 2Km da cidade pela estrada de Itutinga, virando à direita para quem vai a Carrancas, é próxima à outra área de camping conhecida, o Camping da Toca.

Infelizmente não chegamos até o famoso poço. Vimos um outro poço, mas não era ele. Aproveitamos, ao menos, o que acreditamos ser a Cachoeira da Toca, uma queda d'água bastante aprazível. O que nos impediu de chegar ao destino pretendido foi um imenso atoleiro de lama preta, nossos pés afundaram até a altura do joelho, e as laterais da trilha estavam obstruidas demais para atravessar por fora. Além de tudo, não sabiamos se estávamos perto ou longe, ou mesmo se havíamos errado o caminho.

Cachoeira da Toca

No regresso, a vista nos deixou paralisados. Exatamente nesta árvore ficamos alguns minutos, apenas a nos conectar com a natureza.

Árvore no caminho de volta

E no carro, a festa continuou. Porquê? Dois motivos:
1) Tudo continuava tão bonito;
2) O dia seguinte nos reservava outro incrível lugar, a cidade São Thomé das Letras.


5 comentários:

  1. Linda essa carrancas, as cachoeiras são bem diferentes das de água preta da serra do cipó.

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  2. Serra do Cipó também é fantástico, essa blasfêmia que esse(a) Dhiapa disse é conversa fiada, estou indo pra Carrancas sexta agora e parabéns pelo blog...

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  3. Com certeza! Tanto a nossa Serrinha do Cipó quanto Carrancas tem seu charme! Aproveite a viagem, você vai curtir muito Carrancas!

    E valeu pelo apoio ao blog, continue lendo! =]

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  4. Caro GUSTAVO - AFTER DARK, acho que todos entenderam que o fato de a coloração dos rios da serra do cipó ser escura, não diminui sua beleza, ao contrário, contribui ainda mais para a diversidade de paisagens de minas gerais. Nós, que somos entusiastas da natureza, incentivamos que todos conheçam as paisagens de minas, pois cada uma tem sua beleza particular.
    Obrigado pelo comentário e quando voltar deixe suas impressões e dicas sobre carrancas aqui no blog, afinal o objetivo é divulgar o turismo de aventura sustentável e promover uma discussão sadia. Abraços

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