quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

Milho Verde e Capivari - 11/jan/2011

2011 se inicia e os pintassilgos dão seu primeiro vôo sobre as cachoeiras de Milho Verde e Capivari, ambas distritos da cidade de Serro, localizada na região central de Minas. O Arraial de Serro Frio foi, no auge do ciclo do ouro, importante centro de exploração de ouro na região e mais tarde de diamantes com a descoberta de jazidas nas regiões de Milho Verde e Diamantina.

Como antiga rota de tropeiros o município de Serro ainda oferece a deliciosa comida mineira mas também a precariedade de suas estradas que parecem pouco ter mudado desde o Brasil colônia. Saindo de Belo Horizonte pela MG-010 são 188 Km de distância sendo que 60 deles de terra, da simpática Conceição do Mato Dentro até Serro.



Se o turista não quiser arriscar a integridade de seu veículo nem de sua paciência o trajeto pode ser feito em 176 Km pela BR-040 até Curvelo e de lá mais 161 Km pela BR-259 até o destino final. A viagem passando por Curvelo é quase o dobro da distância da rota pela MG-010, mas acredite turista, se não estiver disposto a sujar seu veículo nem de cair em um buraco é melhor dar a volta passando pelas conservadas BR's.

Estrada de terra interminável
O distrito de Milho Verde fica a apenas 22,3 Km de Serro, passando por estrada de terra. É uma localidade muito pequena e receptiva situada no alto das montanhas. Ao chegar ao local, a impressão que a cidade passa é muito boa, já que dispõe de infra-estrutura para receber turistas com suas várias pousadas. Segundo levantamentos, o preço da hospedagem é em geral acessível tomando como base o poder aquisitivo de universitários pobres. A pousada mais barata que encontramos custava R$40 por pessoa, valor que incluía todas as refeições.

Os pintassilgos se aninharam no Camping do Nozinho, que dispõe de grande área verde e vários banheiros com chuveiro quente. O valor cobrado foi de R$ 30,00 total (R$ 10 reais por pessoa por noite).

Camping do Nozinho
Cidade

Em relação às cachoeiras, Milho Verde se destacou mais pelo conjunto da obra do que por uma ou outra cachoeira. Isso porque nenhuma delas chama muita atenção no quesito beleza, sendo classificadas como boring stream waterfalls. Mesmo as cachoeiras tendo uma classificação pouco positiva, reafirmo que o conjunto da obra faz o passeio valer a pena, já que Milho apresenta uma visão das montanhas e um bucolismo singulares, criando uma atmosfera de paz e amor que atrai tantos apreciadores das ervas do campo. É lugar propício para a prática do "dudeísmo".

Em um dia em Milho Verde conhecemos as cachoeiras Carijó, do Moinho e Lajeado, todas elas com fácil acesso por carro, sendo que as duas primeiras ficam na estrada até Milho Verde, e possuem placas indicando sua localização.

[Lucas]A cachoeira Carijó possui uma pedra grande e quase reta debaixo da sua queda, criando um bom lugar para se sentar sob a queda. Além disso, nessa cachoeira encontramos um cachorro, digamos, peculiar. Ele era um cachorro autista e pescador. Desde que chegamos, ele ficou o tempo todo tentando pegar os peixinhos que nadavam no poço, sem sucesso. Além disso, ele parecia não notar nada que acontecia ao seu redor (jogamos água perto dele, fizemos barulho, e ele não esboçou nenhuma reação), concentrando-se apenas em pescar o seu peixe de cada dia.

Cachoeira Carijó
[Lucas]Já a cachoeira do Moinho, apesar da propaganda feita por todos da cidade, não apresentou nenhum grande atrativo. Ela tem um poço de tamanho razoável, porém cheio de pedras grandes e tortas, dificultando o nado no poço. Não é possível ficar muito debaixo da queda da cachoeira, visto que ela não tem uma queda de tamanho considerável. Por outro lado, para quem gosta de escalar cachoeiras, essa cachoeira é uma boa opção, visto que as pedras onde não passa muita água não são muito escorregadias.

Cachoeira do Moinho

[Lucas]A cachoeira do Lajeado pode ser alcançada a partir do camping do Nozinho. Saindo do camping, segue-se à direita pela rua principal, e entra-se à esquerda em uma trilha que começa ao lado de uma casa amarela. Dali, basta encontrar o rio e seguir o seu curso, para a direita. Essa cachoeira é composta de três quedas separadas, todas de fácil acesso, basta ir seguindo o curso do rio. As duas primeiras quedas têm poços razoáveis, mas nada muito notável. Já a terceira tem uma boa queda, mas não tem poço.

Lajeado - primeira (em cima) e terceira (embaixo) quedas



Lajeado - segunda queda




No dia seguinte os pintassilgos alçaram vôo para o distrito de Capivari, lugarejo ainda mais oculto no coração das Minas Gerais, aos pés do pico do Itambé. De Milho Verde a Capivari foram 10 Km de uma estrada ingrata por entre as montanhas. Estrada não de terra, mas de rochas que avariaram o assoalho do nosso veículo. Após vários minutos de incerteza sobre a existência do distrito, avistamos por sobre as costas de uma montanha a misteriosa Capivari.

Igrejinha na entrada de Capivari
Capivari e o Pico do Itambé, ao fundo











Capivari não deve ter mais de 200 habitantes e vive da receita gerada pelos turistas que se aventuram por essas bandas. O vilarejo conta com guias locais e a populaçao abriga os turistas em suas próprias casas, já que não há pousadas. Nos informando na mercearia (único comércio avistado) conhecemos Dona Noeli que se apresentou como guia para a maior atração de Capivari, a cachoeira Tempo Perdido.

A Cachoeira Tempo Perdido fica em terras particulares dentro dos limites da APA Pico do Itambé e portanto pagamos R$ 30,00 pelo serviço de guia. Após circular poucos quilometros de carro em relevo acidentado paramos diante de uma porteira e iniciamos caminhada morro abaixo em área de mata. Segundo o blog Caçadores de Cachoeira após 2,57 Km chegamos à cachoeira Tempo Perdido.

A Cachoeira Tempo Perdido fez valer todo o esforço de encarar estradas de terra tenebrosas e destruir o carro, pois é daquelas maravilhas naturais que nos fazem perder a noção do tempo quando a contemplamos. Talvez daí o nome.
















[Lucas]A cachoeira não tem pedras em seu poço, somente areia e folhas. O poço não é muito profundo, somente debaixo da queda mais forte. Devido à altura da cachoeira e ao volume de água que ela tem, ficar debaixo de uma das quedas pode ser uma experiência ligeiramente dolorosa. Os arredores da cachoeira formam um local extremamente agradável de se ficar, pois a "prainha" é de areia fina e gostosa de pisar. Tudo isso fora o visual sensacional!


É impressionante a energia que essa cachoeira passa a quem a contempla, é definitivamente a mais linda já vista pelos pintassilgos.



Deixo com vocês um vídeo dessa maravilha da nossa mãe natureza:


Agradecimentos ao blog Caçadores de Cachoeira por revelar essa maravilha.

5 comentários:

  1. Galera, q cachoeira assombrosamente magnífica!!

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  2. Wuhuuu! Tempo perdido detonou! Ainda quero voltar a Capivari pra explorar o resto!

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  3. Moçada, Capivari é um local mágico, extremamente lindo. A Cachoeira Tempo Perdido é sensacional e deslumbrante. Vale a pena conhecer este povoado. Conheço bem o local e a estrada é razoável, dá pra ir sem susto, basta ter atenção nas pedras do caminho. Abraço.

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  4. estive lá neste sábado, no tempo perdido. Lá não dá vontade de encontrar o relógio novamente, magnífico. O povo de capivari é hospitaleiro, valendo a viagem. A estrada até milho verde está asfaltada, restando apenas o trecho do asfalto a capivari.

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